Por Luiz Carlos Bordin
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Na noite de quarta-feira (14), moradores de diversos estados brasileiros observaram um objeto brilhante cruzando o céu. A Bramon identificou o fenômeno como a reentrada de um foguete Falcon 9 da SpaceX, lançado em 2014. O evento evidencia os riscos do lixo espacial, que já soma mais de 40 mil objetos em órbita, segundo a Agência Espacial Europeia (ESA).
A poluição do espaço ao redor da Terra atingiu um novo patamar preocupante. De acordo com um relatório divulgado em abril pela Agência Espacial Europeia (ESA), o número de detritos espaciais rastreados cresceu 8% em apenas um ano, ultrapassando os 40 mil objetos em órbita. A maior parte desse material é composta por satélites desativados, restos de foguetes e fragmentos de colisões anteriores.
Segundo a ESA, apenas em 2024 foram registrados vários “eventos importantes de fragmentação”, aumentando significativamente a quantidade de lixo espacial. Embora muitos desses objetos sejam pequenos, mesmo fragmentos com apenas alguns centímetros podem causar grandes danos a satélites ativos e espaçonaves.
Além dos itens monitorados, estima-se que existam milhões de partículas menores – algumas com apenas milímetros de diâmetro – que circulam em alta velocidade e representam riscos constantes para missões espaciais.
O crescimento acelerado desses detritos preocupa cientistas e agências espaciais, que alertam para a possibilidade da chamada síndrome de Kessler: um cenário em que colisões em série gerariam uma cascata de fragmentos, dificultando futuras operações no espaço e ameaçando os serviços que dependem de satélites, como telecomunicações, GPS e monitoramento climático.
Como medida de contenção, a ESA e outras agências internacionais estão desenvolvendo novas tecnologias para capturar e remover o lixo espacial. Além disso, novas regras vêm sendo discutidas para obrigar operadores a desorbitar seus satélites inativos em prazos menores, evitando que permaneçam como ameaças na órbita terrestre.
A preservação do ambiente espacial é vista, cada vez mais, como um desafio global. Sem ações coordenadas, o acúmulo de lixo em torno da Terra pode comprometer o futuro da exploração espacial e dos serviços que hoje fazem parte do cotidiano em todo o planeta.